“Em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos.”
Como é importante um nome. Ele determina a nossa identidade, nos personaliza, marca o nosso caráter. Aprendemos a valorizá-lo, defendê-lo quando é vilipendiado. Ninguém quer ter o nome associado à má conduta; à corrupção; à falsificação, mentiras e falcatruas de qualquer ordem. Bem, normalmente deve ser assim.
Lendo o texto acima, nos deparamos com um fato histórico para o cristianismo. Nos primórdios da igreja, os discípulos que se congregavam em Antioquia, pela primeira vez, foram chamados de cristãos. A sociedade local, a polis, reconheceu aquelas pessoas como seguidores de Cristo; ou aqueles que se identificam com Cristo. Pessoas que agem como Cristo fazendo as boas obras que Ele executou. O testemunho precioso daqueles irmãos determinou uma identidade, uma marca, um nome para todos aqueles que seguem o Evangelho, amam a Deus e ao próximo e que aceitaram o sacrifício de Cristo como remissão dos pecados. Tal conversão a Cristo implicou em novidade de vida. A mudança de caráter refletiu na sociedade. Eles agora testemunham do amor de Deus, a misericórdia capaz de alcançar pessoas perdidas e restaurá-las. Que privilégio para aqueles discípulos constatarem que estas qualidades não passavam despercebidas pela sociedade local.
O que é um cristão? J. I Paker em sua obra “O conhecimento de Deus”, diz:
“A pergunta pode ser respondida de muitas maneiras, mas a melhor resposta que conheço é que um cristão é alguém que tem Deus como Pai”. Este autor continua: “Cristão é uma pessoa que conhece e vive sob a palavra de Deus. É alguém que se submete sem reservas à palavra de Deus escrita na “escritura da verdade” (Dn 10:21), crendo nos ensinamentos, confiando nas promessas, seguindo os mandamentos. Seus olhos vêem o Deus da Bíblia como o seu Pai, e o Cristo da Bíblia como seu Salvador. Se você lhe perguntar ele dirá que a palavra de Deus o convenceu de seu pecado e também lhe deu a garantia do perdão. Sua consciência, como a de Lutero, é cativa da palavra de Deus, e ele aspira como o Salmista pautar sua vida de acordo com ela: “Oxalá sejam firmes os meus passos para que eu observe os teus preceitos; não me deixes fugir aos teus mandamentos”; “ensina-me os teus decretos, faze-me atinar com o caminho dos teus preceitos”; “inclina o meu coração aos teus testemunhos”; “seja o meu coração irrepreensível nos teus decretos” (Sl. 119:5; 10, 26, 27, 36, 80). As promessas estão diante dele enquanto ora e os preceitos estão à sua frente quando se move entre os homens. Ele sabe que além da palavra de Deus dirigida diretamente a ele através das Escrituras, essa mesma palavra também foi proferida a fim de criar, controlar e ordenar as coisas que o rodeiam; mas como as Escrituras lhe dizem que todas as coisas contribuem juntamente para o seu bem, a idéia de Deus ordenando todas as circunstâncias só lhe traz alegria. Ele é uma pessoa independente, pois usa a palavra de Deus como uma pedra de toque pela qual testa as diversas idéias que lhe são apresentadas e não aceitará coisa alguma sem ter a certeza da aprovação das Escrituras”.
O texto é impactante e desafiador. Os discípulos de Antioquia, denominados cristãos pela sociedade local, certamente possuíam estas características. Eram pessoas que aplicavam os preceitos de Deus no seu relacionamento com as demais pessoas. Se assim não fosse, não haveria razão para aplicar-lhes um nome diferenciado. Se não se identificavam com Cristo, qual a razão de serem denominados cristãos? Conclui-se, portanto, que foram pessoas que testemunharam poderosamente do poder restaurador de Cristo, provocando a efetivação do nome “cristão”, que foi transmitido de geração em geração até os nossos dias.
Isto nos faz refletir sobre a importância de carregar este nome; a enorme responsabilidade honrá-lo com atitudes semelhantes às de Cristo. Outra igreja importante do passado recebeu uma séria advertência de Deus. O capítulo 3 de Apocalipse relata esta repreensão dirigida à igreja de Sardes: “Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto” (v. 1b); “Sê vigilante, e confirma os restantes, que estavam para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus” (v. 2); “Lembra-te pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrependa-te”. (v. 3a).
A igreja de Sardes não agia corretamente. Tinha uma atitude dúbia. Era constituída em sua maioria por cristãos nominais, que não honravam o evangelho. Com um falso comportamento afastavam as pessoas de Deus envergonhando o nome de Cristo.
“E nós, como estamos? Temos honrado o nome de “cristão”? Quem passa por nós associa o nosso comportamento ao nome que carregamos?”
“Se você é cristão, esta é uma grande responsabilidade. Honre esse nome com sua vida!”
Marco Antônio
Texto em destaque extraído da obra: “O conhecimento de Deus” de PACKER, J. I. Ed. Mundo Cristão, p. 104
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