Texto Bíblico: Salmos 55:22; Salmos 90; Salmos 91
Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
Sl 91:1
O Salmo 91 discorre sobre a segurança. Não se trata da enganosa proteção que o mundo oferece. O presente século não pode garantir paz, segurança e muito menos alívio para nenhum mortal. O alívio e proteção tratados na Bíblia procedem da providência do Deus infinitamente misericordioso que se compadece das fraquezas humanas. Isto é real. A misericórdia divina renova-se constantemente, ela é infinita. Deus se apresenta como nossa proteção, sustento e alívio verdadeiros.
Este Salmo não é um amuleto. Por várias vezes pude ver Bíblias abertas neste texto em estabelecimentos comerciais, residências, prédios públicos, etc., como se a simples exposição do texto fosse capaz de afastar qualquer infortúnio. Isto é simples superstição. Muitos nem entendem o porquê de uma Bíblia sempre aberta num mesmo texto, empoeirada, esquecida sobre uma mesa ou um bonito pedestal.
Precisamos sim, encontrar o Deus Altíssimo descrito no salmo. O texto retrata uma verdadeira experiência com o Senhor. Trata-se do conforto que o salmista finalmente encontrou e declara para todos os seus leitores: “Ele é o meu Deus o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei”. Sim, é experiência vivida; são momentos de angústia que tornaram-se em alívio quando o salmista descansou à sombra do Onipotente.
Noutro salmo, o de número 90, encontramos uma constatação de Moisés que diz: “Senhor, tu tens sido o nosso refúgio de geração em geração”. Moisés e o povo judeu puderam reconhecer a providência de Deus no dia a dia durante a peregrinação no deserto. Em momento algum faltou o sustento físico, advindo do maná diário, o alívio contra o sol inclemente e o calor proporcionado durante as noites frias. Deus não se afastou em nenhum momento e saciou não somente a fome física do povo, mas também a espiritual: “Sacia-nos de madrugada com a tua benignidade, para que nos regozijemos, e nos alegremos todos os nossos dias” (v. 14).
Realmente, a proteção de Deus proporciona alívio. Quantos nos dias atuais anseiam por proteção? Quantos vivem ansiosos e sobrecarregados com os dilemas da vida moderna? Temos uma vasta relação de problemas pontuais: desemprego, recessão, desesperança. Todas estas armadilhas da modernidade somatizadas, causam problemas espirituais como a incredulidade, o egoísmo, o humanismo que ignora a ação de Deus. Incertezas povoam o coração do homem. Triste sina da humanidade que despreza o Criador e deposita sua esperança no próprio homem-criatura. Mais triste ainda é confiar somente na própria capacidade, num culto à própria personalidade. O profeta Jeremias registra a declaração do Senhor: “Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!” Jr. 17: 5. Aqui, registra-se a maldição, mas no versículo 7 do mesmo capítulo, temos a redenção: “Bendito o varão que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor.”
No Salmo 55, Davi embora temendo os seus inimigos, descansa no Senhor, persevera em oração e lança sobre Ele toda a carga de preocupação. Leiam os versículos 16 e 17 e a recomendação declarada no versículo 22 do mesmo Salmo.
O evangelista Mateus registra o próprio convite de Cristo: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (11: 28-30).
Na primeira carta do apóstolo Pedro, temos também a recomendação: “Lançando sobre Ele (Deus) a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós” O verbo indica uma ação constante, diuturna, repetitiva. Alívio e proteção juntos no ato de depositarmos todas as nossas preocupações diante do Senhor.
Aí está a nossa esperança. “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na tribulação”. Nele concentra-se o nosso alento, verdadeiro descanso narrado no lindo Salmo 23:
“O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias”.