Texto Bíblico: Tiago 5:7-11
A vida contemporânea segue num ritmo frenético. Tudo hoje parecer ser instantâneo: o sucesso; a riqueza; os relacionamentos, etc. O ritmo acelerado imposto pela modernidade nos torna extremamente ansiosos, insatisfeitos, egoístas, intolerantes e impacientes. Consequentemente sofremos imensamente: sofrimentos físicos, emocionais, espirituais. Somos constantemente cobrados em vários assuntos: a universidade que nunca alcançamos; o emprego público que não conseguimos; a independência financeira distante; o sucesso profissional que não se realiza. É evidente que diante de tanta cobrança, a insatisfação, a irritação e a impaciência dominam o presente século.
Se vivermos para atender todas estas aspirações terrenas, estaremos sempre insatisfeitos. Um exemplo é o avançado progresso tecnológico. Lembro-me, na década de oitenta, quando o computador não era tão acessível e tão doméstico quanto é hoje, os softwares eram mais rudimentares, a memória da máquina era pequena, o espaço para gravação dos dados também e tudo era mais lento. Entretanto, o mundo comemorava, pois tratava-se de um avanço tecnológico sem precedentes. Naquele momento, no mínimo, estávamos aposentando a máquina de escrever, papelada, erros intermináveis, etc. Em pouco mais de trinta anos, no processo evolutivo mais rápido da história, temos à nossa disposição, o melhor do avanço tecnológico. E o que fazemos? Se o nosso computador demora alguns segundos para abrir um aplicativo; se o nosso e-mail não for recebido instantaneamente, nosso impulso é reclamar da máquina e irritar-se, porque tudo atualmente é urgente.
Rick Warren num livreto denominado “Você não está aqui por acaso”, destaca a seguinte frase: “o aspecto mais prejudicial da vida contemporânea é o raciocínio em curto prazo”. É isto mesmo: a perspectiva da pressa, da urgência encurta a nossa visão e aumenta a nossa distância dos propósitos de Deus para as nossas vidas.
Este autor continua argumentando: “Para tirar o máximo da vida, você deve manter sempre em mente a visão da eternidade e no coração o valor que ela representa. Há muito mais na vida que apenas o aqui e agora! O que vemos hoje é só a ponta do iceberg. A eternidade é todo o resto que não se vê a partir da superfície”.
E arremata: “Quando você vive à luz da eternidade, seus valores mudam. Você utiliza mais sabiamente seu dinheiro e seu tempo. Passa a dar maior valor a sua personalidade e a seus relacionamentos, em vez de valorizar fama, riqueza, realizações ou mesmo prazeres. Suas prioridades são organizadas. Manter-se em dia com as tendências, a moda e os valores populares já não é tão importante. Paulo disse: ‘Antigamente eu pensava que todas essas coisas eram muito importantes, mas agora eu as considero sem valor algum por causa do que Cristo fez’”.
Enquanto preparava esta devocional, deparei-me com um texto que eu gostei muito. Destaco uma passagem mais impactante e que destaca o propósito do meu texto. Diz assim:
A verdadeira paciência consiste em estar em sintonia com Deus, paciente e misericordioso, porque Ele é atemporal. O tempo nos faz sofrer e torna-nos impacientes, egoístas e até doentes. No entanto, não podemos esquecer que se Deus nos perfilhou (moldou), apesar de terrenos, sua graça nos tornou também atemporais. Viver a paciência é habituar-se pouco a pouco com a nossa dimensão de infinito. A impaciência, ao contrário, leva-nos a um comportamento como se apenas tivéssemos uma condição terrena e temporal.
Alguns textos bíblicos destacam a importância de se exercitar a paciência. O próprio Tiago citado acima, faz outras referências a esta virtude. Vejam Tiago 1:4. No livro de Eclesiastes, verso 7 do capítulo 8: “Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas; melhor é o longânimo do que o altivo de coração”. O evangelista Lucas, citando Jesus, declara: “Na vossa paciência possuí as vossas almas”.
No torvelinho da modernidade, não sabemos esperar. É preciso então, voltar-se para a Bíblia, estuda-la com atenção, atentar-se às orientações divinas para as nossas vidas. O texto do Salmo 40:1 é bastante revelador: “Esperei com paciência no Senhor, e Ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor”.
Busquemos por paciência, uma virtude tão escassa no nosso tempo, mas vital para a nossa vida, tanto no aspecto material como no espiritual. Confirmando esta verdade, trago à apreciação de vocês, leitores, alguns versos da poesia de um compositor brasileiro chamado Lenine.
Paciência
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Marco Antônio
Eu finjo ter paciência...
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Marco Antônio
Textos em destaque: WARREN, Rick. Você não está aqui por acaso. São Paulo: Editora Vida, 2005, p. 30-31.
FILHO, Pe. João Medeiros. Paciência, a virtude esquecida. Obtida em: http://www.jornaldehoje.com.br/portal/noticia.php?id=18574
Música: Paciência (composição de Lenine e Dudu Falcão).
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