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quinta-feira, 24 de março de 2011

INSEGURANÇA E MEDO


Texto Bíblico: Salmos 91

“Aquele que habita no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso pode dizer ao Senhor: Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio.” Salmos 91:1-2
 
As duas palavras que dão título à devocional são certamente as mais pronunciadas nas quase duas décadas do século XXI. No século passado passamos por muitos momentos tensos, mas nada se compara ao atual quadro que vislumbramos.

De fato, presenciamos inúmeras catástrofes naturais em vários países: terremotos, tsunamis, chuvas torrenciais, tornados, nevascas prolongadas, alterações climáticas preocupantes, erupções solares e outros cataclismos.

Mas não são apenas os desastres naturais que atormentam a raça humana. Enfrentamos guerras, terrorismo, crises econômicas de proporções mundiais, fome, doenças, problemas alarmantes que afundam o homem no lamaçal da insegurança e consequentemente do medo. A sensação de pânico é constante. O desespero que presenciamos nos olhos dos japoneses diante da destruição provocada pelo tsunami e pelo ameaçador desastre nuclear é o mesmo que encontramos nos moradores das cidades brasileiras devastadas pelas chuvas implacáveis. O sentimento de impotência dos paupérrimos haitianos, enfrentando a fome, regimes políticos que deixaram o país numa situação caótica agravou-se muito mais com o fortíssimo terremoto que jogou por terra não somente edifícios, casas, mas principalmente a tenra esperança em dias melhores. Mas o infortúnio e a insegurança alcançam também os mais ricos. A forte crise econômica de três anos atrás, levando grandes corporações bancárias à falência e causando uma grande crise na economia americana, refletiu em todo o mundo, provocando recessão, desemprego, suicídios. Insegurança e medo disseminados pelo planeta.

A gravura que ilustra a devocional é uma representação fiel das argumentações até aqui expostas. Trata-se de uma obra do pintor norueguês Edvard Munch, denominada “O Grito”. A obra, que situa-se no movimento expressionista, tornou-se tão admirada a ponto de rivalizar com a “Mona Lisa”, de Leonardo da Vinci.

Na interpretação da tela, não é necessário conhecimento artístico para encontrar os traços de angústia, medo, desespero e desolação. A perplexidade do personagem contemplando algum acontecimento desesperador é marcante. No seu rosto estão presentes a dor e o assombro diante de um fato terrível. “A dor do grito está presente não só no personagem, mas também no fundo, o que destaca que a vida para quem sofre não é como as outras pessoas a enxergam, é dolorosa também, a paisagem fica dolorosa e talvez por essa característica do quadro, é que nos identificamos tanto com ele e podemos sentir a dor e o grito dado pelo personagem. Nos introjetamos no quadro e passamos a ver o mundo torto, disforme e isso nos afeta diretamente e participamos quase interativamente da obra.”

Esta obra de Edvard Munch é de 1893. Entretanto é profundamente impactante. O quadro nos intriga e perturba. Vejam outra análise da obra: “Há também outra interpretação para o quadro "O Grito". Na verdade, Munch colocou no quadro o desespero de pessoas de uma ilha onde ocorreu um tsunami e uma erupção vulcânica (essa ilha era um ilha vulcânica). É por isso que podemos ver o céu todo laranja, representando a erupção vulcânica, e o rio, representando o tsunami.”

Portanto, mais de um século depois, encontramos o bizarro personagem do quadro, diante de uma tragédia sem precedentes no Japão. É possível imaginar esta pessoa com o rosto desfigurado pelo terror, atravessando uma ponte na cidade Tóquio, contemplando a mesma destruição.

Tempos difíceis... A Terra padece e vinga-se do rastro de destruição impetrado pelos homens. Para nós, cristãos, é muito mais do que isto. Cristo, durante o seu ministério, falou claramente sobre estes acontecimentos. Vejam o capítulo 24 do evangelho de Mateus. Não é um retrato fiel do que está ocorrendo atualmente? O juízo de Deus está às portas, mas o incrédulo não enxerga. O desastre em Chernobyl completou 25 anos, e o que vemos? A repetição da história. O homem não aprendeu a lição e assim recebe o juízo.

A segurança é ilusória, é muito tênue. A tragédia ocorre num país desenvolvido, com experiência de longa data na tecnologia nuclear. Os japoneses já enfrentaram crises graves e pareciam preparados para assimilar este desastre.

A paz, segurança, prosperidade, riqueza, auto-suficiência, avanço tecnológico proporcionados pelo homem mostram-se totalmente impotentes, porque a verdadeira segurança somente é proporcionada por Deus. N’Ele encontramos verdadeiro refúgio e segurança, como lemos no Salmo 91.

Lembro-me de uma letra de um corinho: “O Senhor é a minha luz, a minha salvação, a quem temerei? A quem temerei? O Senhor é o meu refúgio e paz, a quem então eu preciso temer?”

Os tempos serão ainda mais difíceis, prenunciando o juízo de Deus. A leitura do livro do Apocalipse é esclarecedora e apresenta as terríveis assolações que ainda virão.

Firmar-se em Deus, amá-lo acima de todas as coisas, confiar na sua providência, amor e misericórdia, submeter-se à sua soberania e vontade, humilhar-se perante Ele, aceitar o sacrifício de Cristo na cruz como único recurso para a nossa salvação são ações necessárias para encarar estes tempos difíceis. O fundamental é que tenhamos a fé mostrada pelo profeta Habacuque (3:17 a 19). Paz e conforto de Deus para todos.
Marco Antônio

Texto em destaque disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Grito_(Edvard_Munch)

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